quinta-feira, 26 de março de 2015

VIDA MÍNIMA




















VIDA MÍNIMA


o que procuro da vida tão mínima
não é o que se perde: medo e esfinge
nem a falsa alegria, a pantomima,
mas o corpo que saiba ser a síntese
das manhãs como pedra de alquimia

o que procuro da vida não mínima
é que ela não seja esta mulher-ínsula,
sempre com outros olhos e outra língua,
mas a que hoje me acolha com mãos íntimas
e me dispa do que em mim é exílio

o que procuro da vida chão mínimo
não é a terra árida que não vinga,
tampouco o descaminho da via íngreme,
mas o movimento da água que anima
o sonho em nós ainda verossímil

o que procuro da vida grão mínimo
é achar na leitura de seu índice –
um substantivo comum feminino –
o fio, a saída do labirinto
o sol contínuo, simples como um sim




 Marcus Vinicius Quiroga





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