Marcus Vinicius Quiroga
AVAROVARA
todo sertão é
circunferência.
inútil buscar fresta ou
saída.
deus e o diabo logo
reiniciam
o duelo por terras
adentro.
a serpente morde o
próprio rabo,
símbolo do eterno
recomeço,
e vai no sertão, este
exagero,
se esgueirando como quem
escapa.
ele lentamente engole
tudo,
goela abaixo com vão
desespero,
e aos poucos destripa os
sertanejos,
apesar da fama de tão
brutos
na estrada só deixa os
esqueletos,
após saqueá-los dos
pertences,
após devorá-los qual
serpente,
após arrancar-lhes dedo
a dedo
todo sertão é espiral.
inútil buscar tipo de
porta.
quem dali um dia às
pressas parte
mais cedo ou mais tarde
enfim retorna,
como se o sertão fosse
esta esfera,
que se refletisse sempre
a mesma,
lugar de partidas, lugar
zero,
onde o homem não tem voz
nem vez.
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