DESENGANOS DA VIDA METAFORICAMENTE
( O xadrez e as palavras)
de quantos desenganos se fazem metáforas?
se tudo nesta vida adjetiva-se efêmero,
como pode o poema querer-se perene?
como perdas e danos cabem em palavras?
pedras e penhas não bastam de alegoria,
ainda que signifiquem naufrágio e morte,
mesmo que uma palavra de outra se recorde,
o sentido é algo que escapa ambíguo
ora, se um signo é ao mesmo tempo dois,
se é não e sim, posto que se contradiz,
como crer se a escrita é feita com giz
e o sentido de agora se apaga depois?
que lições de Quevedo, Gôngora e Gregório
prestam a um poema pra seu exercício,
se com a mesma pergunta se reinicia:
de quantos desenganos se fazem metáforas?
Marcus Vinicius Quiroga
Nenhum comentário:
Postar um comentário