PALOMA DE PICASSO
(Composições em preto e branco)
O pintor, digo, poeta andaluz risca
um pássaro no espaço madrileño,
que voa, voa até sair da vista.
Toda cidade encontra-se em Paloma
no chão das praças, no alto dos telhados
de Sevilha, Granada ou Barcelona.
Como se fosse senha ou codinome
Paloma ecoa lá dentro de Espanha,
finalmente seu único idioma.
Uma ave, digo, poeta catalã
rabisca frases no céu da Galícia,
palavras de utopias e amanhãs.
Um voo que parece mais mosaico,
feito de muito espaço e poucas linhas,
traz nas asas lições do ar e presságios.
Picasso espalma as mãos, oferta a ave
que parte como símbolo sem pátria,
além, tão mais além de toda margem.
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