sábado, 18 de abril de 2015

XADREZ DE ESTRELAS
















Marcus Vinicius Quiroga 


XADREZ DE ESTRELAS
(Composições em preto e branco)


O texto se fez de metáfora em metáfora,
como pedras que tornam a estrada mais lenta,
a vagarosa estrada de Minas, a máquina

do mundo, em seu estado de perplexidade.
A escrita exige a cifra do segredo, o escuro
que requer releituras com muito cuidado.

Cabe a quem trova ser porta-voz de uma época,
logo nas fases mais obscuras das histórias,
os poemas se fazem fechada matéria.

Mas talvez tudo seja questão de aparência
e as estrelas estejam tão perto de nós,
que nos ceguem de luz temporariamente.

A estrada se faz em poema com névoa,
se faz à sombra de Drummond, mais vasto mundo,
e pela noite longa não se desespera.

Espera paciente que, depois da curva,
alguma luz se faça e os guie adiante,
ainda que a explicação da vida seja absurda.

Mundo é máquina que em pouco tempo enferruja
e, posta à margem, é só um brinquedo inútil,
de encontro ao qual se vai nas horas mais escuras.

O texto se desfaz na última metáfora:
O xadrez do Vieira não basta ao leitor,
que outros são os enigmas, o país, o áporo.  









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