Marcus Vinicius Quiroga
NEVOEIRO
(Autoestrada para Tebas)
toda língua tem nevoeiro,
não sabe dito nem não dito,
profere verbos que são vésperas
de coisas ainda não inteiras
e que, com o uso e muita lida,
vão adquirindo corpo inédito;
quando na pena do poeta,
vestem metáforas de máscaras,
que lhes modificam as faces;
a língua é a névoa das névoas,
que passa através dos vocábulos
pelas incertezas e acasos.
o que se lê, o que se escuta,
não é jamais a coisa em si,
a captura de uma palavra;
antes, é grafia com bruma
ou voz saída da neblina,
cujo sentido ninguém sabe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário