domingo, 12 de abril de 2015

NEVOEIRO





Marcus Vinicius Quiroga


NEVOEIRO
(Autoestrada para Tebas)

toda língua tem nevoeiro,
não sabe dito nem não dito,
profere verbos que são vésperas
de coisas ainda não inteiras
e que, com o uso e muita lida,
vão adquirindo corpo inédito;

quando na pena do poeta,
vestem metáforas de máscaras,
que lhes modificam as faces;
a língua é a névoa das névoas,
que passa através dos vocábulos
pelas incertezas e acasos.

o que se lê, o que se escuta,
não é jamais a coisa em si,
a captura de uma palavra;
antes, é grafia com bruma
ou voz saída da neblina,
cujo sentido ninguém sabe.










Nenhum comentário:

Postar um comentário