Marcus Vinicius Quiroga
ESTILÍSTICA DA REPETIÇÃO
O poeta pondera:
o pão, os farelos postos na mesa.
Tudo é alimento.
Qual o gosto do prosaico
ou o sumo do metafísico?
Os papéis em branco não fazem
diferença.
O homem se reparte mas não se
exclui.
Águas tão distintas
convergem em nós na mesma corrente.
Existe hora adequada
para certo tipo de verso?
Ou qualquer um os subterrâneos
desvenda?
O poeta procura
palavras pouco usuais
para efeito de surpresa e suspense.
Faz-se de prestidigitador
e escreve coisas estranhas
nas quais nem ele mesmo pensa.
Que analogias há
entre um campo, um chinês
e o sono, por exemplo?
O texto se mexe,
com o propósito de hipnose,
feito um pêndulo.
O poeta pergunta.
O tempo todo inquire sobre coisas
como a matéria da vida, o tempo.
Parece que circula
ao redor dos mesmos temas
e de questões aparentemente
pequenas.
Mas se repete
com tal gosto e maestria,
como se escondesse outro intento.
Sua voz é calma,
quando solta seu poema-pipa
no espaço em branco do vento.
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