quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

SOM E FÚRIA


                                       

SOM E FÚRIA
(Homem visto em contraluz)

Toda palavra é excesso,
não se carece; basta
o feito. Há o peso
do discurso, como se frases
enfraquecessem o corpo físico.

Há uma demasia de letras
dispostas pelo silêncio,
como se num arame,
em busca de equilíbrio.

Há ainda a armadilha,
as palavras que escondem
o vazio, o falso assoalho,
por onde se desaparece
a intenção de sentido.

Todo verbo é menos
do que o acontecimento,
e muitas vezes é um eco
que deforma,
como se surgisse um deserto
de repente à sua porta;
e a palavra sem equivalências
fosse vã, som apenas.




 Marcus Vinicius Quiroga

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