UM
PINTOR DIANTE DE UM QUADRO
COM
UM PINTOR DIANTE DE UM QUADRO
(Campo de trigo maduro)
o
artista se angustia em frente à tela:
tudo
que traça no branco se esvai
em
outra ausência que também revela
uma
pintura antes da tela, atrás
mas
que cores são estas? que miragem?
na
textura da tela a mão não as sente
e
os críticos com teorias não acham
como
explicar vermos o que é ausente
a
palheta risca um fino desenho,
cega
trajetória pelo vazio,
buscando
um mundo sem saber a senha
nem
os limiares de seu domínio
outras
formas surgem, imergem imóveis
traindo
a expectativa dos olhares
que
se surpreendem por razão à lógica
com
a pintura que é única e vária
o
artista se angustia em frente à tela
as
ideias não cabem na moldura
mas
cabem como se dentro da cela
houvesse
a liberdade que se expulsa
e
que arte se biparte ou se bifurca
em
veredas, afluentes e margens
sendo
mais verdadeira quando oculta
e,
mais ocultando, quando mais age?
mas
se não reconhece a figura,
seria
este quadro obra de magia,
criado
por pincéis e mãos de bruxa
de
uma luz que esconde de tão sombria?
ou
seria uma pintura inquieta
que
se visse como se ouvisse música
e
o pintor fosse na tela o poeta
que
somente assina a obra, se inconclusa?
Marcus Vinicius Quiroga
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