CARTA
A FERNANDO PESSOA, ELE MESMO
(O cinematógrafo)
escrever
a poetas é disparate
eles
não têm posta-restante
e
preferem os jogos de palavras
a
manter em dia a correspondência
dados
como são a fingimentos
usam
assinaturas alheias
para
criar equívocos de destino
e
fazer com que a carta retorne
como
personas não têm morada
(habitam
poemas às escondidas)
não
há como manter um diálogo
e
frequentar a mesma tabacaria
ao
pé de Fernando Pessoa
reúnem-se
outros poetas, se calhar
numa
mesa lá na esplanada
como
se os tantos não fosse um só
escrevem
poemas em guardanapos
que
acabam nos perdidos & achados
até
que haja vinho que baste
até
que a vida de repente parta
Marcus Vinicius Quiroga
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