ÉDIPO VAZA OS OLHOS
(Autoestrada para Tebas)
Édipo vaza os olhos,
escolhe
o escuro. por medo
do espelho,
parte de Tebas, leva
o esquecimento nas mãos.
Édipo sabe as veredas,
os estreitos,
os abismos à beira dos dias:
não há mais retorno.
para trás o trono vazio,
o enigma; quisera
que a tempestade de areia
desaparecesse com Tebas,
como se nada tivesse acontecido.
mas o peso da culpa
lhe dobra os passos; lento,
arrasta correntes
que não há em seu pé torto.
Édipo vaza os olhos,
escolhe
a vida, ainda que morto,
recolhe a faca ensanguentada
na bainha e se dirige
à multidão; já é tarde,
quando do profeta
se lembra.
parte de Tebas à noite,
mas a noite agora
não faz a menor diferença.
Marcus Vinicius Quiroga
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