sexta-feira, 1 de maio de 2015

LAMPEJO, RELÂMPAGOS, INCÊNDIOS





































LAMPEJO, RELÂMPAGOS, INCÊNDIOS


Aprendi que a luz justa
é a que faz voluntários
     arregaçarem as mangas
           e sujarem as mãos

como, se juntos, fossem filamentos
     da mesma lâmpada

Também aprendi na luz baixa
             de uma São Luís pobre que a luz
      pode ser mais alta

como um susto na escuridão,
como um sobressalto

Há luzes várias nas coisas e nos homens
e elas nos escondem
              de nós, quando cegas

sem a  expectativa
          de uma vida diferente
ou diferentes formas de convívio
                               de escrita
                               de política

Há luzes que trazemos desde cedo
e exibimos no rosto
e por elas somos reconhecidos
               como um número de identidade
               ou uma mancha na pele
               ou mesmo uma cicatriz

Aprendi em dias distantes que o escuro
adere ao corpo
                    às vezes até a morte

e as horas se parecem
com outras sem ruptura

Então é preciso que luzes
sejam semeadas
         como um grão
                             e aguado seu cultivo


para que de repente

haja em mim
na família, no país
                uma espécie de incêndio

cujo fogo se alastre
nas mãos de iniciativa
               para que a vida seja feita

às claras
e se revele por inteira

sempre que uma luz dispare,
vinda talvez da infância,
                      o lampejo do desejo

ou o eterno momento-relâmpago










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