LAMPEJO,
RELÂMPAGOS, INCÊNDIOS
Aprendi
que a luz justa
é
a que faz voluntários
arregaçarem as mangas
e sujarem as mãos
como,
se juntos, fossem filamentos
da mesma lâmpada
Também
aprendi na luz baixa
de uma São Luís pobre que a luz
pode ser mais alta
como
um susto na escuridão,
como
um sobressalto
Há
luzes várias nas coisas e nos homens
e
elas nos escondem
de nós, quando cegas
sem
a expectativa
de uma vida diferente
ou
diferentes formas de convívio
de escrita
de política
Há
luzes que trazemos desde cedo
e
exibimos no rosto
e
por elas somos reconhecidos
como um número de identidade
ou uma mancha na pele
ou mesmo uma cicatriz
Aprendi
em dias distantes que o escuro
adere
ao corpo
às vezes até a morte
e
as horas se parecem
com
outras sem ruptura
Então
é preciso que luzes
sejam
semeadas
como um grão
e aguado seu
cultivo
para
que de repente
haja
em mim
na
família, no país
uma espécie de incêndio
cujo
fogo se alastre
nas
mãos de iniciativa
para que a vida seja feita
às
claras
e
se revele por inteira
sempre
que uma luz dispare,
vinda
talvez da infância,
o lampejo do desejo
ou
o eterno momento-relâmpago
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